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Turismo com animais silvestres: diversão ou crueldade?

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Turismo com animais silvestres: Crueldade disfarçada de diversão que enriquece a indústria do turismo, ilude turistas e maltrata os animais.

As cenas, talvez inéditas, pois antes do confinamento os animais não tinham espaço, são inusitadas e encantadoras: Patos na Fontana de Trevi, Itália; bodes nas ruas de Llandudno, País de Gales; leões dormindo nas estradas do Kruger National Park, África do Sul.

De maneira idêntica, tartaruga verde, peixes e pássaros como Fragata surgiram na Baía de Guanabara, Rio de Janeiro; na bacia de Pina, Recife, uma mancha apareceu e não era óleo, mas um enorme cardume de sardinha não visto há 9 anos.

Conforme os biólogos, alguns animais já existiam nas áreas, todavia circulam com mais liberdade, pois a ausência do homem deixam-os à vontade.

Realmente a natureza é fascinante. Mas essas e outras cenas levam a reflexão: voluntariamente ou involuntariamente o homem é cúmplice dos crimes ambientais.

Certamente, viajar é enriquecedor. No entanto, tudo começa com respeito. Da mesma maneira que se fala baixo nas igrejas e tira-se sapatos nas mesquitas, deve-se respeitar a cultura e hábitos dos locais, bem como, o meio ambiente.

De fato, o turismo às vezes polui e destrói o patrimônio e a natureza. Com tempo e esforço, algumas coisas retornam, entretanto, outras não. Logo, o turismo de animais silvestres não deveria ser sinônimo de entretenimento.

Pausa para rever e criar um turismo sustentável

Porém, passeio com elefantes, nado com golfinhos e fotos com tigres viraram diversão. E para ocorrer, animais saem do seu habitat, são confinados e se comportam contrários aos seus instintos.

Atrás das fotos ou vídeos com animais selvagens, existe um negócio cruel que passa invisível aos olhos do turista, mas lucra bastante.

Sem dúvida, esse tempo que o planeta pediu ao homem é a chance de rever as formas de estar no mundo, afinal foi a situação denominada “normal” que trouxe o planeta até aqui. Se um ser vivo não está bem, não existe equilíbrio planetário.

Bom negócio comercial com muita crueldade

Macaquinho preso

Cresci frequentando zoológico e sou apaixonada por animais e, até mesmo os selvagens me encantam.

De fato, por amor aos bichos, já paguei pelo turismo com animais silvestres. Levei tempo para saber e entender que este turismo é eticamente errado, cruel e me arrependo muito.

Afinal, locais com animais para entretenimento procuram passar a impressão que os animais vivem em boas condições. Todavia, muitos apresentam perturbação mental e se tornam agressivos.

Mesmo assim, o turismo com animais silvestres cresce devido a grande demanda, representando entre 20% e 40% do valor anual gerado mundialmente pelo setor turístico.

Segundo a World Animal Protection, milhares de animais silvestres são usados nas atrações do mundo todo.

Certamente, se bem feito, este turismo protege os bichos e ajudam no desenvolvimento das comunidades.

Crueldade espalhada em todo mundo

Na Tailândia, elefantes são separados das mães, acorrentados e machucados para se “acostumarem” a ser montados por humanos. Conforme treinadores, essa técnica denominada “phakaan”, deixa os elefantes dóceis.

Em outros lugares, ursos ficam amarrados e são treinados para desenvolverem força nas patas traseiras e permanecerem sobre 2 patas.

Outro animal “usado” é o tigre. Aliás, nos Estados Unidos, existem mais tigres nos cativeiros do que soltos no seu habitat.

Passeios com leões na África, macacos dançarinos e serpentes “encantadas” na Tailândia são mais exemplos de exploração animal. Nas ilhas gregas, turistas usam burros para subirem escadas.

No Brasil, a diversão com mamíferos aquáticos em cativeiro foi proibida em 2000, no entanto, alguns locais do Amazonas permitem interação com boto-cor-de-rosa, segundo o National Geographic.

Ter conhecimento sobre os animais silvestres deveria ser algo útil para o aprendizado. Entretanto, na maioria das vezes, esse turismo traz mais prejuízos do que benefícios à natureza.

No entanto, os turistas geralmente não sabem que prejudicam os animais. Por outro lado, boa parte da indústria turística fecha os olhos para o abuso dos animais em prol do entretenimento.

Extra: Na Tailândia, com a pandemia, elefantes foram soltos, pois sem os turistas os parques não conseguem manter os bichos. Alguns estão nos santuários, mas muitos estão abandonados.

O que tem por trás do sorriso do golfinho?

Turismo com animais silvestres. Agarre o Mundo

Ver ou estar ao lado de golfinhos fazendo truques parece ser divertido e por isso, é uma das atividades com animais mais desejadas. A atração, aparentemente inofensiva, é sinônimo de crueldade.

A saber, são mais de 3000 golfinhos em cativeiros, chamados de delfinários, em mais de 50 países, como China, México, EUA, Rússia, Japão, países do Caribe, entre outros.

Conforme relatório da World National Protection, alguns golfinhos entendem frases simples e combinação de novas palavras como uma criança, além de acessar memórias. Este grau de inteligência faz do seu confinamento um negócio bastante lucrativo.

Os golfinhos ficam presos no espaço 200.000 vezes menor que seu habitat e coberto de cloro, enquanto na natureza, nadam de 50 a 225 km por dia, na velocidade de até 50 km e dão mergulhos profundos.

Além disso, são privados de comida nos treinos, ficam doentes, apresentam comportamentos neuróticos e podem ficar agressivos. Ah, o golfinho não vive sorrindo; o formato da mandíbula passa a imagem distorcida de emoção.

Ao mesmo tempo, nos delfinários com show musical, o som equivale a um show de rock. Além disso, os golfinhos são forçados a puxar pessoas pelas nadadeiras, suportar pessoas ‘surfando’ nas costas, dar cambalhotas, entre outros truques.

A saber, golfinhos podem machucar o homem na existência de contato direto. Embora saibam dos riscos, as empresas ignoram e solicitam dos turistas um termo de responsabilidade.

Contudo, os golfinhos não sobreviveriam se retornassem à natureza. Portanto, a solução é alterar o modelo de negócio ou transferi-los para santuários, além de proibir a captura e reprodução nos cativeiros.

Por que não é legal a selfie com os animais silvestres?

Por certo, os prejuízos para os animais vão além das restrições submetidas. O manuseio repetido, condições ruins do ambiente e exposição ao flash das fotos têm efeitos nos animais, como estresse, doenças, lesões e até mesmo, morte prematura.

No Amazonas, preguiças e boto-cor-de-rosa são os mais explorados. Só para exemplificar, a preguiça no seu habitat vive até 40 anos, nos cativeiros, no máximo 6 meses após captura, segundo o National Geographic.

Portanto, a foto que simboliza um momento mágico ou várias curtidas, implica no sofrimento de animais.

E os santuários?

Animais não são atrações

Santuários são locais que vivem animais resgatados em condições abusivas e cruéis, como leões, orangotangos, elefantes, ursos, entre outros.

Antes de tudo, nos santuários os animais são prioridades, respeitados e não são usados como atração ou interação direta. Além disso, quando você visita estes lugares, pratica o turismo silvestre responsável e ajuda a economia local.

Como exemplo, a Fundação para a Sobrevivência do Orangotango em Bornéu (BOSF) fornece um lar, que são ilhas artificiais para estes animais viverem, pois nem sempre o orangotango se readapta à natureza.

De maneira idêntica, o Libearty Bear Sanctuary, na Romênia, acolhe ursos usados no comércio para atrair e entreter os clientes. O local possui florestas, espaço para hibernação e piscinas.

Extra: Alguns lugares usam o nome Santuário para atrair o turista, mas o objetivo são os lucros.

Por que ser um turista amigo dos animais silvestres?

Em primeiro lugar, estes animais pertencem à natureza. Em segundo lugar, são seres sencientes, ou seja, assim como o homem, sentem emoções, como medo, dor e felicidade.

A partir do momento que compreendemos o significado da palavra senciente, sentimos mais empatia e respeito pelos animais.

Em 2020, o índex que classifica os países de acordo com as políticas de bem-estar animal, deu ao Brasil a nota D, sendo que a pior, é a F.

Segundo a World Animal Protection, uma das razões para a nota é a estagnação na proteção dos animais silvestres. Contudo, apesar de vários países obterem notas mais altas, nenhum recebeu nota A.

“Para sermos uma sociedade justa precisamos acabar com o sofrimento animal em todas as suas formas”, cita uma diretora da World Animal Protection.

Como combater o turismo de animais silvestres?

Turismo com animais silvestres. Agarre o Mundo

A maioria das pessoas não conhece os danos sofridos pelos bichos. De fato, quando descobrem, evitam as atividades abusivas.

De maneira semelhante, algumas empresas do ramo turístico recusam os lucros vinculados ao cruel turismo com animais.

De fato, o principal ponto para acabar com o turismo abusivo dos animais é alterar a indústria turística. Por certo, ela deve ser mais responsável pelos locais que levam seus clientes, pois não existe uma regulamentação internacional sobre este tipo de turismo.

Em 2016, a Associação Holandesa de Agentes de Viagens e Operadores Turísticos (ANVR) lançou normas classificando as atrações inaceitáveis, entre elas, passeios e show com elefantes. Assim, a Holanda é o país mais amigo dos elefantes.

Em 2019, a Travalyst foi fundada pelo Duque de Sussex (Príncipe Harry) juntamente com Booking, Skyscanner, Trip, TripAdvisor e Visa. Eles almejam mudar o impacto das viagens, através da proteção da vida selvagem e do meio ambiente.

Como o viajante pode fazer turismo sustentável com animais silvestres?

 animais silvestres. Agarre o Mundo

Com toda a certeza, o viajante também é responsável pelo turismo sustentável. Quer saber como?

Pesquise os lugares que pretende ir. Tem interação com animais? Como são tratados? De onde eles vêm? A empresa tem políticas de bem-estar animal?

Os animais devem ser observados livres na natureza. Assim, você verá o real comportamento e não financia a retirada deles do seu habitat.

Deve existir uma distância mínima para que a observação não altere o comportamento dos bichos, pois animais silvestres podem ser agressivos.

O silêncio é fundamental durante as visitas.

Não ofereça alimentos ou iscas para atrair os animais.

Os animais não são artistas, portanto evite lugares que eles façam truques, dancem, pintem quadros, etc.

Apoie, mesmo virtualmente (assinando petições ou fazendo doações), campanhas de bem-estar animal. Existem muitas organizações como a World Animal Protection.

Compartilhe a informação que os animais têm emoções, seja nas redes sociais ou nas conversas do dia a dia.

Movendo o mundo para proteger a vida silvestre

Turismo com animais silvestres. Agarre o Mundo

Talvez, o alerta global para a necessidade de um turismo sustentável seja ouvido agora e a recuperação deve ser encarada como a chance de agir de forma correta para o futuro do planeta.

Acabar com a crueldade no turismo com animais silvestres depende de regulamentação e fiscalização dos governos. Mas também depende de decisões éticas da indústria do turismo e dos viajantes.

De fato, animais presos e que fazem truques para comerem ou não serem punidos, não vivem dignamente. A crueldade contra animais não se resume aos maus-tratos com cachorros, gatos, peixes e pássaros.

Cabe a gente se questionar: Vale a pena usar um outro ser vivo de forma irresponsável para entretenimento?

O turismo com animais silvestres permite uma experiência ímpar, mas a autêntica experiência turística com a natureza evita contato e interação entre animais e turistas.

Sem dúvida, é o momento para governos, empresas e pessoas se unirem e restringirem o uso de animais silvestres para entretenimento, comida ou para serem mantidos como estimação.

Ninguém pertence ao planeta, mas enquanto estiver aqui tem o dever de cuidar dele. Por amor a você, a geração futura e ao próprio planeta.

Extra: Se desejar saber mais sobre o tema, sugiro os documentários: Blackfish/2013 e A Máfia dos Tigres/2020.

E por aqui termina o artigo


E ai, você gosta de animais? Conhecia os bastidores desta atividade? Mesmo que tenha feito turismo com animais, vale a pena repensar na nossa postura como ser humano…

Quanto a mim, continuo apaixonada por bichos, mas hoje sei que a vida silvestre não resiste aos meus desejos e por amor e respeito à eles, não financio mais o turismo com animais.

Tem alguma dúvida? É só deixar nos comentários e se não soubermos a resposta, iremos atrás, viu?

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Beijinhos e até mais.

Sandra, Agarre o Mundo
Sandra Hupsel

Baiana, mora em Salvador. Sensível e curiosa, gosta de ler e estudar sobre vários assuntos. Especialista em nutrição clínica e oncológica. Sempre gostou de viajar e após experiências negativas com os pacotes prontos de viagem, passou a organizar suas próprias viagens, de familiares e amigos. "Se faz sentir, faz sentido,"

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Sandra Hupsel

Baiana, mora em Salvador. Sensível e curiosa, gosta de ler e estudar sobre vários assuntos. Especialista em nutrição clínica e oncológica. Sempre gostou de viajar e após experiências negativas com os pacotes prontos de viagem, passou a organizar suas próprias viagens, de familiares e amigos. “Se faz sentir, faz sentido,”

2 respostas

  1. Olá equipe do Agarre o Mundo, quero parabenizar vocês pelo excelente artigo sobre turismo com animais que, certamente, irá ajudar a conscientizar as pessoas sobre a crueldade de quem explora esse mercado milionário. Gente amorosa, que ama os bichos, desaprova e boicota esse tipo de atividade!

    1. Olá Ana, Td bem? Bom saber que você gostou do post e que também faz parte das pessoas que reprovam o turismo com animais silvestres.
      Nossa intenção é mostrar o que acontece nos bastidores desse tipo de turismo,, pois descobrimos que a maioria dos turistas não sabem a verdade dos fatos. Uma das missões do Agarre o Mundo é e sempre será o Turismo ético e sustentável. Beijos e obrigada pelo retorno.

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