Se você pudesse salvar a vida de alguém, o faria? A resposta seria talvez, com toda certeza.
Esse é um post diferente de todos os que já escrevemos, mas certamente, um dos mais importantes para nós e para o próximo, que poderia ser você, filhos, companheiro(a), pais, irmãos ou amigos.
De fato, o nome Agarre o Mundo não foi escolhido à toa. A intenção foi não estabelecer limites para nossos sonhos, nem para nossas vidas.
Assim falaríamos de amor, de empatia, desenvolvimento pessoal se nos apetecessem. De viagens que nos inspiram. De nutrição e saúde, já que a vida para valer a pena, deve ser vivida de forma feliz, intensa e completa.
Dessa maneira, o Agarre o Mundo não se limita a viagem e literalmente queremos alcançar as pessoas que devem ser inspiradas, modificadas e tocadas a dar e receber o melhor da vida.
Então, hoje vou falar sobre Transplante de Medula Óssea. E antes de começar quero falar sobre Empatia.
Primeiramente, começo com a definição de empatia no dicionário: é a ação de se colocar no lugar de outra pessoa, buscando agir ou pensar da forma como ela pensaria ou agiria nas mesmas circunstâncias.
Por certo, muito se fala em empatia, e vemos as pessoas se denominando empáticas. Contam e falam da dor do próximo como se delas fosse, mas por aí fica, mesmo que possa agir e fazer algo que deixaria a vida do outro muito mais leve e feliz.
Então faço aqui um questionamento:
O que você faria para tentar salvar a vida do seu filho, a sua vida ou a vida da pessoa que você mais ama?
Com toda certeza, a resposta seria: Eu faria tudo, em casos de pais, diriam ainda “eu daria a minha vida pelo meu filho.”
Aí está, e se você não pudesse fazer nada, pois você não tem o que ele precisa, mas outra pessoa tem e ela sim, pode salvar a vida a pessoa que você ama?
Entretanto, não se sabe quem é a outra pessoa. Então, sem apontar o dedo, pois essa é outra característica do Agarre o Mundo, faço um convite, não apenas leia a história do Gustavo que vou contar agora. Aliás que poderia ser do Felipe, do João, da Maria e por aí vai…
Não pratique a empatia apenas permitindo que as lágrimas escorram pelo seu rosto, mas pense que a vida é uma caixinha de surpresas, que pode ser você, a pessoa a dar para outro, uma nova chance de viver.
Quem é o Incrível Gu?
Aqui você vai conhecê-lo através de uma das pessoas que mais o ama, ou até quem sabe, a que mais o ama mesmo, a mamãe Taiana Rubim.
Mas no mês de novembro, após vários meses de complicações, inclusive sem a possibilidade de alimentação via oral, os médicos optaram por não fazer transplante e seguir o tratamento só com a quimioterapia.
A conduta médica visa a remissão da doença, somente com a quimioterapia.
Pratique então, a ação de salvar a vida de alguém. E desde já, gratidão!
Sim!! A vida de alguém pode estar na sua medula óssea. Ou seja, você tem o poder de salvar a vida de alguém. Respeitadas as condições exigidas, qualquer um pode ser doador. É gratuito e não custa nada.
De fato, você pode ser a única chance de vida para alguém doando a medula óssea, pois o Transplante de medula óssea, tantas vezes, é a esperança de cura para alguns cânceres, como leucemia, e também para 80 tipos de doença.
A primeira tentativa para achar o doador compatível é testar entre os irmãos. Entretanto, essa compatibilidade só ocorre em torno de 30% dos casos. Em seguida, busca-se entre os familiares.
Assim, a maioria dos pacientes dependem de um doador compatível do banco de medula óssea, que no Brasil é no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea – REDOME.
Contudo, a grande dificuldade é achar um doador com medula 100% compatível com a do receptor, pois quando a compatibilidade não é total, a chance de cura é menor.
A saber, existem nos bancos de medula do mundo, mais de 33 milhões de cadastros. Segundo o INCA (Instituto Nacional do Câncer), o REDOME tem cerca de 4 milhões, mas esse número não é grande ou suficiente!
Afinal, por que não é? Porque a chance de compatibilidade entre doador e receptor no Brasil é de 1 para 100 mil e no mundo, 1 para 1 milhão de pessoas, pois achar um doador que não seja aparentado, depende do grau de miscigenação da população.
Além disso, às vezes a doação não acontece pois o doador não é encontrado a tempo, ou até, lamentavelmente, desiste. Na busca por um doador, classe social e poder aquisitivo não fazem diferença.
Embora muitos tenham medo, doar medula óssea é simples…e pode salvar a vida
Então, veja abaixo que a doação de medula óssea é segura, que a vida se multiplica através deste dom que todos nós temos e também como câncer entrou e mudou a minha vida.
Procurei usar uma linguagem mais simples possível, pois não é um post científico, mas sim de esclarecimento, de alerta e de incentivo. Fique à vontade e se ficar tocado, torne-se doador também.
O que é medula óssea?
É um tecido encontrado dentro dos ossos, conhecido por “tutano”, que produz os componentes do sangue: hemácias (glóbulos vermelhos), leucócitos (glóbulos brancos) e plaquetas.
De uma forma simples, as hemácias transportam o oxigênio, os leucócitos nos defendem das doenças e as plaquetas evitam o sangramento.
Aliás, medula óssea é diferente de medula espinhal! Esta é formada de tecido nervoso, está na coluna vertebral e tem funções diferentes. Portanto, quem doa não corre o risco de ficar paraplégico, certo?
O que precisa para ser um doador de medula óssea e salvar a vida de alguém?
- Ter entre 18 e 55 anos de idade;
- Estar em bom estado de saúde;
- Não ter doença infecciosa ou incapacitante;
- Não apresentar doença neoplásica, hematológica (do sangue) ou do sistema imunológico;
- Algumas complicações de saúde não impedem a doação e são analisadas;
- Quem tem piercing, maquiagem definitiva e tatuagem pode se cadastrar. O impedimento para doar é no máximo de 1 ano após esses procedimentos.
Certamente se cadastrar é fácil. No hemocentro, além de informar seus dados pessoais, é colhido um “tubinho” de 10 ml de sangue, para exemplificar, isso equivale a 1 colher de sobremesa.
Em seguida, seus dados genéticos são cruzados com os dos pacientes que precisam da medula. Quando existir compatibilidade, a doação pode ser realizada. Portanto, mantenha seu cadastro atualizado.
Como ocorre a doação de medula óssea?
Quando surge um receptor compatível, o doador é avisado. Em seguida, são feitos exames para verificar suas condições de saúde. Todo custo é assumido pelo REDOME.
Antes a doação só ocorria pela coleta direta da medula óssea na região da bacia. Aliás, um procedimento simples e rápido, mas que as pessoas criaram a lenda de ser um procedimento dolorido e perigoso.
Entretanto, o que a maioria das pessoas não sabe é que já existe outro procedimento, onde a coleta pode ser feita através de um equipamento que “colhe” o sangue da veia do doador, por cerca de 4h, portanto, sem necessidade de anestesia ou internamento.
O método escolhido é decidido pelo médico, pois o paciente pode se beneficiar mais com uma forma de doação. Entretanto, durante minha experiência com Transplante de medula óssea, quase todas doações foram pelo método mais novo. É assim que você pode salvar a vida de alguém.
Quais os possíveis riscos para o doador de medula óssea?
Decerto, os riscos praticamente são inexistentes. Até hoje não há relato de nenhum acidente grave devido a esse procedimento.
O que é Transplante de medula óssea e como ocorre?
É a substituição de uma medula óssea doente por células normais, reconstituindo assim, uma medula saudável. Em alguns casos, as células normais são do próprio paciente, já em outros, é necessário um doador compatível.
Então, o doador recebe a medula sadia como se fosse uma transfusão de sangue. Uma vez na corrente sanguínea, as células da nova medula se alojam na medula óssea, onde se desenvolvem.
Depois de um período variável de tempo ocorre a “PEGA” da medula. Esse é o nome usado quando as células do doador começam a se multiplicar, produzindo as novas células do sangue no receptor.
Como o câncer e a doação de medula óssea entraram na minha vida
Por muito tempo atuei como nutricionista clínica principalmente na área cirúrgica. Mas de uma hora para outra, devido as mudanças no hospital, fui “parar” na oncologia, hematologia e no Transplante de medula.
Sem opção de recusar e ao mesmo tempo com receio de não suportar a demanda de trabalho e também emocional, abracei a causa.
E o que achei que era um presente de grego, pois poucos gostam, foi a melhor fase como nutricionista hospitalar e de grande aprendizado profissional e pessoal. Então, não demorou para me especializar em oncologia.
Após 2 meses, estava apaixonada pela especialidade e pacientes. Afinal, vi que era um bom lugar para aplicar a nutrição como sempre quis, pois todo trabalho impactava fortemente na vida do paciente.
Aliás, na minha vida também. Eu que estava ali para aplicar a nutrição, todos os dias aprendia uma lição de vida.
Cenas de pessoas emagrecendo rapidamente, perdendo cabelo, olheiras profundas, palidez, dor e luta faziam parte da rotina diária.
Ao mesmo tempo, tinham as diversas emoções dos pacientes e familiares: choque, dor, medo, angústia, compreensão, coragem, confusão, esperança, gratidão, aceitação, felicidade e às vezes, morte…Cada história era única, portanto era impossível não se comover, não se envolver.
Sem dúvida, me emocionei com momentos tristes, mas também com histórias de amor, superação e de muita alegria.
De fato, a complexidade do transplante demanda tempo, portanto o vínculo afetivo entre pacientes e profissionais é inevitável.
O tratamento envolve várias fases e cada etapa vencida é uma comemoração, até chegar o grande dia, o “dia da pega” (funcionamento da medula transplantada), onde acontece uma verdadeira festa com direito a bolo, bolas e parabéns. É a celebração do começo de uma nova vida!
E assim, eu aprendi e mudei!
Eu, que nunca tive paciência e tolerância para muitas coisas, me vi colocando em prática a empatia, o amor e a solidariedade sem distinção.
Assim, me vi fazendo o possível e impossível não só para cuidar e nutrir o paciente, como também atender pedidos de alimentos que promovessem conforto emocional, mas não tão simples para um hospital.
Aliás, mesmo os pacientes ranzinzas e ríspidos, ganhavam meu coração. Dei amor e recebi amor. Recebi gratidão e sou grata.
A realidade nem sempre é fácil para muitos e não precisa bater na nossa porta para machucar, pelo menos, não deveria.
O câncer é um problema de saúde pública mundial e está entre as quatro principais causas de morte prematura em muitos países. Certamente ele nos rodeia e nos batemos com ele na rua, trabalho, casa de amigos, viagens e por aí vai.
Doar é um grande ato humanitário, mas por motivos diversos e que não cabem julgamentos, é uma atitude que não faz parte da vida de muitos. Ao mesmo tempo, algumas pessoas sentem no coração o chamado para fazer algo na prática!
Então, saímos dos “sinto muito, desejo melhoras” e partimos para ações simples, mas de impacto, ajudando assim, os pacientes que brigam contra o câncer.
Trabalhar e conviver com pessoas que para viver só precisam de um gesto tão pequeno para quem doa e que algumas vezes não conseguem, mas que é tão imenso para quem recebe, foram e são cruciais para minha evolução pessoal.
Mesmo não trabalhando mais com Transplante de medula óssea, as lembranças e emoções permanecem vivas. Assim, transformei estas emoções em histórias para compartilhar e além de ser doadora, abracei fortemente a causa.
Afinal, enquanto espero ansiosa para doar, procuro combater o medo que tanto dificulta o cadastro de novos doadores e aumenta o tempo de espera dos receptores, isto é, quando ainda eles têm tempo.
E por aqui encerro meu post sobre “salvar vidas”
Transplante de medula óssea é a única esperança de cura para inúmeros portadores de leucemia e outras doenças. Assim, seja solidário e ajude a salvar vidas, não só a do Gustavo, mas de muitas pessoas, de diferentes idades e lugares.
Doe por amor e não pela dor. Ou seja, não espere que um familiar tenha câncer para se mobilizar na prática. Você pode se cadastrar como doador agora. É um bem enorme que qualquer um pode fazer pelo outro. Pense nas vidas e famílias que serão eternamente gratas.
Não ser doador ou a desistência, muitas vezes, é resultado do medo e da desinformação. Doar a medula óssea é algo seguro, indolor e vital para o receptor.
E se você ainda tem dúvida sobre doação de medula, volte para o meio do post e veja o vídeo explicativo.
O Agarre o Mundo deseja que este post sirva como incentivo. Se você já é doador, conte sobre a doação de medula ou compartilhe o post para sua família e amigos. Incentive também a causa.
Salve vidas. Certamente você sentirá uma felicidade imensa e, a vida que continua, agradece!
Gratidão e até sempre!
Atualizações:
*Setembro de 2020: Gu encontrou seu doador 100% compatível.
*Novembro de 2020: O estado nutricional de Gu se agrava e Médicos decidem optar por suspender o Transplante e fazer uma quimioterapia mais agressiva.
*Janeiro de 2021: A doença recidiva e médicos mudam a conduta para a realização do Transplante.
* Março de 2021: Gu tem uma grave infecção e passa a não responder a quimioterapia.
*Abril de 2021: Gu não resiste e vai a óbito, deixando seu legado – inúmeras pessoas passaram a fazer parte do Banco de Doadores de Medula.
6 respostas
Msravilhaaaaa!!! Tudo muito bem escrito, com sentimento, conhecimento e emoção! Parabéns!!!?????????????
Obrigada minha minha querida Marinildes. A nossa intenção é despertar o AMOR nas pessoas para (RE)construirmos um mundo melhor!! Beijooooooo
Nesse tempo que muitas pessoas morrem pelo covid, vamos ajudar salvar vidas
Olá, tudo bem? Com certeza Regina! Podemos salvar vidas, obrigada pelo retorno, beijos!
Que texto perfeito! Senti amor em cada palavra! E sinceramente fiquei tocada a ser doadora! Simplesmente lindo! Gratidão!
Olá Cristiane, tudo bem? Obrigada pelo retorno. Realmente o texto foi feito com muito amor. E lhe digo mais, se cada um no mundo tivesse a oportunidade de passar um dia com esses pacientes que aguardam um doador de medula óssea, certamente ficaria tocado imediatamente. Que este post incentive muita gente a ser doador, ou seja, doar vida!!…Beijos