Filhos lhes convidam a viajar mais e mais longe

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Filhos lhes convidam a viajar mais e mais longe. Há quem não viaja, porque tem filhos pequenos e acredita que com eles a viagem não poderá ser excelente.

Ou ainda que alguns destinos não cabem os filhos; daria muito trabalho ou não seria aconselhável, entretanto algumas viagens podem ser maravilhosas como mostramos no post, Jalapão com bebê: é possível e maravilhoso.

De fato, quem tem alma de viajante sabe o quanto uma viagem é importante. Estamos sempre pensando na próxima. E todas as viagens são especiais.

Hoje no espaço “Novos Olhares”, convidamos a querida Gabriela Antunes a nos contar um pouco da sua vida de viajante, que ela relata no seu instagram @bebenamala.

Uma mulher destemida que faz exatamente o que deseja, claro que pensa na segurança, mas com um espírito de coragem exemplar.

Sobre Gabriela Antunes

Gabriela tem 36 anos (2020), mora na Europa desde os 21 anos, quando viajou com destino a Berlim para ficar um ano, entretanto até hoje não voltou.

Gabriela Antunes, Agarre o Mundo

Embora pudéssemos contar perfeitamente a história de vida da Gabriela, acreditamos que a melhor versão de nós, somos nós a dar.

Assim resolvemos apenas reproduzí-la:

“Antes de chegar à Europa eu não tinha o menor interesse em sair viajando, já que na verdade eu gostava mesmo de passar o meu tempo ‘enfiada’ nos livros.

Sobretudo a vontade de conhecer os cenários dos meus livros preferidos que me trouxeram à Europa. Na Alemanha, eu queria seguir os passos de Goethe; em Praga, descobrir as figuras de Milan Kundera; na Rússia, procurar os vestígios de Dostoévski.

Nos últimos 15 anos, morei na Alemanha, França, Irlanda, no extremo norte da Noruega e hoje vivo em Portugal.”

O que se ganha em viagens?

Anteriormente falamos aqui como a viagem nos torna pessoas melhores e que viagem é o melhor presente que podemos dar a nossos filhos.

Midhope Castle, Escócia, Agarre o Mundo
Midhope Castle, Escócia (Para os fãs de Outlander)

Talvez você não tenha assim um espírito tão aventureiro e ao invés de viajar, prefira curtir mais o conforto do seu lar.

Mas de fato, quando se abre os olhos para o mundo, começa a se compreender muito mais a essência da vida.

Decerto para muitas pessoas a vontade é mesmo de sair sem rumo e se jogar no mundo. Então, ouvir histórias tão inspiradoras, revela a vida por um novo prisma.

Talvez provavelmente quando se começa a sonhar em viajar pelo mundo, a realidade venha tomar o seu lugar rápido demais. Tão rápido que não nos permite sonhar alto e assim não nos mover para alcançar o que realmente desejamos.

Alma de viajante

Acredito que a maioria das pessoas tem uma alma de viajante, observe agora se a sua “alma de viajante” fica inquieta ao ler o relato da Gabi.

“Em minhas viagens, comi ao lado de lordes ingleses, com talheres de prata, assim com pobres famílias berberes usando as próprias mãos.

Surpreendentemente fui convidada a passar a noite na casa onde morreu Van Gogh; bem como a discursar ao lado de um Prêmio Nobel, além de estar presente em um evento no Museu de Copenhagen em presença da rainha.

Passei pelo tapete vermelho do Festival de Cannes; por outro lado fui passear em um camburão da polícia no EL Salvador; mergulhei muitas vezes ao lado de tubarões; penetrei em navios naufragados e fiz um boneco de neve em plena África.

Gabriela Antunes e Marido no Festival de Cannes. Agarre o Mundo
Festival de Cannes

Tive meu carro ameaçado por uma manada de elefantes. Fui tratada por um curandeiro indiano usando a força dos chakras. Passei dez dias em silêncio absoluto meditando numa floresta na Finlândia.

Cruzei a Rússia por terra de uma ponta a outra, apenas com a minha bebê.”

Gabriela Antunes com a filha nos ombros ao lado da placa do trem na Rússia. Agarre o Mundo
Vladivostok- Rússia

Então, como você se sentiu? Que podemos ter tudo, se assim desejarmos? Qual é a sua sensação em relação ao desconhecido? Causa -lhe algum medo ou desconforto?

Viajar na visão da Gabriela

Viajar, para mim, sempre foi uma coisa natural. Por isso é que quando optei pela maternidade jamais me passou pela cabeça que eu poderia sequer um dia deixar de fazê-lo pensando na minha filha.

Pelo contrário, ser mãe deu-me ainda mais vontade de explorar o mundo. E ainda mais coragem de me aventurar cada vez mais fora da minha zona de conforto.

Quando estava grávida de sete meses, durante uma conferência de trabalho, conheci uma mulher.

Era uma franco-inglesa, mãe de duas filhas pequenas, mas que, por ser uma mãe mais experiente, julgou-se no direito de me dar conselhos, que eu não pedi.

Ela, intrigada com o meu estilo de vida despojado e a minha paixão por viajar, levantou mil obstáculos durante a nossa breve conversa.

Não me lembro bem dos seus argumentos, mas sei que em determinado momento ela se exaltou e disse-me que viajar com crianças era totalmente irresponsável.

Mas que eu nem corria o risco de tal disparate, pois assim que a minha filha nascesse, eu ia me dar conta de que a ideia era absurda, e que com um pouco de sorte voltaria a mochilar quando ela estivesse na adolescência e já não precisasse mais de mim.

Saltando o mérito da questão de que as adolescentes também precisam de suas mães, a conversa (mais um monólogo, pois eu – protótipo da grávida zen budista – mal me dei ao trabalho de responder) irritou-me tanto que eu passei todo este tempo, desde essa conversa fatídica até o dia de hoje, a tentar provar para mim mesma que a sujeita estava errada.

Com a pequena viajante recém-nascida

Gabriela Antunes com sua filha de meses no colo em Berlim, Agarre o Mundo

Antes mesmo da minha pequena nascer, já tinha planejado com ela duas viagens para quando ela nascesse: um mês no Brasil e o ano-novo com amigos em Berlim.

A sua primeira viagem de avião foi incrível! Ela tinha apenas quatro meses, passou o vôo todo aninhadinha no meu colo, mamando a intervalos regulares, e não chorou nem por cinco minutos.

Foi uma experiência fantástica, era como se ela tivesse, ainda tão pequena, dado provas de que era parte da família e de que veio ao mundo para agregar-se às nossas rotinas.

Embora tenhamos passado este tempo quase todo com a minha família, ficou claro para mim, que a minha filha era um ser humano especial.

Facilmente adaptável a todo tipo de situação, aberta e bem-disposta no que dizia respeito a conhecer novas pessoas e lugares.

Assim, foi com o coração mais tranquilo que embarquei com ela para a nossa segunda aventura, em Berlim: embora o meu marido tenha nos acompanhado nos cinco primeiros dias, passei os três últimos sozinha com ela.

Ter uma viagem maravilhosa não significa que foi fácil

Ufa, foi extremamente cansativo! Meu respeito pelas mães/pais solos se multiplicaram, ao fim desse curto período.

Mas o fato de eu ter sido capaz deu-me coragem para tentar uma aventura similar nem um mês mais tarde: mal cheguei de Berlim e fui logo comprar bilhetes para um fim de semana prolongado em Hamburgo, onde poria novamente os meus nervos a prova.

Quando a minha filha completou um ano, viajamos com ela para a Austrália. Mas como os voos diretos são caríssimos, inventei de quebrar a viagem em várias etapas, passando por Dubai, Singapura e Bali antes de chegar ao, “world down under”.

Foi uma viagem maravilhosa, não totalmente desprovida de perrengues, por exemplo, passamos por dentro de um incêndio florestal!

Embora eu tenha sonhado que ela daria os seus primeiros passos em meio a coalas e cangurus, foi só no final da viagem, em frente à famosa estátua do “Merlion”, símbolo supremo da pequena Singapura, que ela ousou andar pela primeira vez.

Daí em diante nem ela parou, nem eu. Munida de uma fé inabalável nas minhas próprias competências como mãe e viajante, seguiram-se depois disso incontáveis aventuras solo com a bebê a tiracolo.

Aventuras durante as quais era a mochila às minhas costas e o sling com ela à minha frente.

Viagens são como subir os picos mais altos do mundo

Os graus de dificuldade foram escalando pouco a pouco, até que, em julho e agosto de 2019, eu finalmente criei coragem para escalar o everest das viagens: atravessar a Rússia toda por terra, de uma ponta a outra, sozinha com a bebê.

Gabriela Antunes com sua bebê pegando o trem para atravessar a Rússia. Agarre o Mundo

Viajar com a minha filha acabou por se tornar viciante – não é à toa que, mal tinha ela completado os dois anos de idade, o seu currículo de grande viajante já incluía 20 países em 6 continentes diferentes.

Mais do que explorar lugares novos, o que me fascina em viajar com ela é a oportunidade inigualável de reforçar, através das vivências pela estrada, o nosso vínculo inquebrável.

Além disso, viajar com uma criança acabou por me restituir a fé na humanidade.

Quase não houve lugar por onde passássemos em que as pessoas não se desdobraram para nos ajudar, seja brincando com ela para eu terminar uma refeição, seja carregando a minha mochila pesada, convidando-nos para o jantar, ou às vezes até mesmo para passar a noite.

O número de amigos que fizemos pelo mundo nesses últimos dois anos é quase inacreditável.

Basta o sorriso de uma criança – e sou suspeita para dizer, mas acho que a minha é particularmente adorável – para quebrar o gelo e aquecer os corações de pessoas do mundo todo, independentemente de língua, cultura ou crenças. O amor pelas crianças é quase uma linguagem universal!

Gabriela Antunes com sua bebê no colo em Bali e crianças ao redor. Agarre o Mundo
Ubud- Bali

Assim, termina a série “Novos Olhares” sobre viajar com filhos


Então, como foi para você ouvir um relato de uma mãe que não só não parou de viajar, mas foi tão, tão mais longe com a sua pequena?

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Montamos desde roteiro personalizado e exclusivo conforme o perfil do viajante, até uma viagem completa, incluindo restaurantes, dicas de compras, chip, etc.

Beijinhos e até mais.

Gabriela Antunes
Gabriela Antunes

Gosta muito de viajar, vive na Europa desde os 21 anos, quando viajou com destino a Berlim para ficar um ano, entretanto até hoje não voltou. Sendo que nos últimos 15 anos, morou na Alemanha, França, Irlanda, no extremo norte da Noruega e hoje vive em Portugal.

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Gabriela Antunes

Gosta muito de viajar, vive na Europa desde os 21 anos, quando viajou com destino a Berlim para ficar um ano, entretanto até hoje não voltou. Sendo que nos últimos 15 anos, morou na Alemanha, França, Irlanda, no extremo norte da Noruega e hoje vive em Portugal.

4 respostas

  1. Eu estou impressionado com a história de vida da Gabriela, ela desbravou a parte do mundo com muita alegria, movida por curiosidade e conhecimento, e fez isso com um BB a bordo hahahahah, lendo esse artigo logo vemos o quanto ainda precisamos conhecer e nos aventurar nesse mundo. Parabéns agarre o mundo pelo artigo ficou ótimo.

    1. Obrigada Dayvid pelo retorno, realmente temos muito a fazer e conhecer neste mundo. A Gabi é realmente uma pessoa inspiradora. beijos

  2. Uau, que história fantástica!!! Eu me reconheci em muitas partes… Há mais de dez anos, quando me separei, passei a viajar sozinha com minhas filhas de 3 e 5 anos à época, pelo Brasil, Europa e EUA. Uma vez passamos uma semana em um barco à vela conhecendo a famosa ilha de Elba, na Itália. Ouvia muitas críticas, mas as meninas sempre ficaram ótimas, nunca adoeceram nas viagens e até hoje relembram esses momentos como os mais fantásticos das vidas delas. Recomendo demais viajar com filhos pequenos! Basta uma boa preparação. Acreditem!

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