Bolo-rei: a autêntica receita portuguesa na sua ceia de Natal. Conhecido também como bolo de reis ou bolo de Natal, esta doçura reina no Natal português há quase dois séculos.
No entanto, o bolo-rei não tem origem em Portugal. Apesar da receita que hoje conhecemos ser tão típica e característica dos portugueses, a verdade é que o bolo-rei, protagonista de lenda e de história, foi “adotado” pelos lusitanos.
Mas independente da origem ou nomenclatura, este bolo de massa fofa se destaca pela combinação dos seus ingredientes, pelas frutas cristalizadas, nos frutos secos, no sabor rico e intenso e até no açúcar em pó que o embeleza na decoração final.
E para contar tanto a história, quanto a autêntica receita portuguesa do bolo-rei, o Agarre o Mundo contou com a gentil colaboração de Guilherme Buest, do IG @tupantours, que é guia brasileiro em Portugal.
Bolo-rei: um bolo com história
De acordo com a lenda, o bolo-rei representa os três reis magos e os presentes levados ao menino Jesus. Assim, a côdea (casca ou parte externa) do bolo simboliza o ouro, as frutas cristalizadas representam a mirra e o aroma, o incenso.
Entretanto, a origem do bolo-rei reporta ao tempo das comemorações romanas de Saturnália – festival na antiga Roma para honrar o Deus Saturno.
A saber, eles tinham o hábito de eleger o “rei da festa” durante os banquetes, o que era feito adicionando uma fava seca (símbolo da fecundidade) numa torta redonda e quem achasse a fava, era o rei da festa.
A igreja católica, aproveitando que o evento ocorria em dezembro, decidiu convertê-lo para algo sagrado e relacioná-lo com o nascimento de Cristo e com uma Epifania, ou seja, com os dias 25 de Dezembro e 6 de Janeiro.
Mas o bolo-rei no seu formato atual, surgiu no reinado de Luís XIV, na França, para as festas do Ano Novo e do Dia de Reis.
Conforme a tradição francesa, adicionava-se ao bolo uma fava seca e um brinde de porcelana, normalmente uma figura da natividade do presépio.
Então, o sorteado com a fava, assumia o posto de rainha ou rei da festa, com direito a usar uma coroa, além de fazer um pedido.
Com a Revolução Francesa em 1789, o bolo-rei foi proibido, devido a conotação com a realeza. Diante disso, os pasteleiros alteraram o nome do bolo para Gâteau des Sans-culottes e assim, puderam manter a fabricação da iguaria.
Mas em 1870 as favas secas foram substituídas por favas de porcelana. Em seguida, por gatos e outros objetos considerados de “boa sorte”.
O bolo-rei em Portugal
No ano de 1869, a receita francesa foi introduzida em Portugal pela Confeitaria Nacional de Lisboa, tornando-se uma importante tradição do período do Natal até o Dia de Reis.
Nos dias de hoje, a receita do bolo-rei usada comercialmente não inclui o brinde e às vezes, nem a fava, mas em sua casa, poderá manter a tradição e dar um toque divertido à ceia do Natal.
A autêntica receita portuguesa do bolo-rei
Antes de tudo, lembre-se que é um bolo que requer paciência e tempo, pois precisa descansar e levedar. Contudo, quando pronto, seu aspecto é irresistível e ninguém lhe vai ficar indiferente.
Portanto, siga o passo-a-passo desta verdadeira receita portuguesa e surpreenda a todos no Natal.
Ingredientes do bolo-rei
- 150 g de açúcar
- 750 g de farinha de trigo peneirada
- 1 fava seca
- 30 g de fermento granulado para pão
- 175 g de frutas cristalizadas
- 250 g de mistura de frutos secos (nozes, avelãs, amêndoas e passas)
- raspas de laranja a gosto (em média 1 laranja pequena)
- raspas de limão a gosto ( em média 1 limão taiti)
- 150 g de margarina
- 1 colher de sobremesa rasa de sal
- 4 ovos
- 100 ml de vinho do Porto
- 1 ovo
- 50 g de açúcar de confeiteiro
Modo de preparo
- 1. Pique as frutas cristalizadas e os frutos secos, mas tenha o cuidado de separar alguns para decorar o bolo. Misture tudo e deixe a macerar com o vinho do Porto.
- 2. Em seguida, dissolva o fermento de padeiro em 100 ml de água morna, junte-lhe 1 xícara de chá de farinha, misture bem, tampe com um pano e deixe levedar em lugar quente por 15 minutos.
- 3. Bata a margarina com o açúcar, as raspas de limão e laranja, junte os ovos, batendo um a um, e o fermento.
- 4. Quando tudo estiver bem ligado, adicione o resto da farinha e o sal, amassando até que a mistura fique elástica e macia. Então, junte as frutas e volte a amassar.
- 5. Em seguida, molde a massa em forma de bola, polvilhe-a com farinha e tape-a com um pano, deixando levedar durante 3 horas ou até duplicar de volume.
- 6. Coloque a massa num tabuleiro e faça um buraco no meio.
- 7. Introduza na massa um brinde à escolha (mas bem embrulhado em papel vegetal) e uma fava, deixe levedar mais 1 hora. Pré-aqueça o forno a 180º C.
- 8. Pincele o bolo com a gema de ovo batida e enfeite a superfície com o restante das frutas cristalizadas e frutos secos.
- 9. Por fim, espalhe o açúcar em pó em 4 montinhos por cima do bolo e leve ao forno durante 35 a 45 minutos.
Sugestão de harmonização
Escolha um vinho do porto velho, rico em frutos secos.
Dicas
Para retardar o seu ressecamento natural é aconselhável guardá-lo em um recipiente hermeticamente fechado ou então, envolto em papel filme.
Em Portugal, quando o produto começa a perder a umidade, geralmente após o segundo dia da sua fabricação, costuma-se cortar em fatias e tostá-las. Fica perfeito!
Curiosidades
O bolo rainha, é uma alternativa ao bolo-rei, onde as frutas cristalizadas são excluídas. Teve início com os pedidos de clientes, que apreciavam a massa do bolo-rei, mas não gostavam das frutas cristalizadas.
Este ano, no início da campanha #DoceNatalCompreLocal, que visa sensibilizar o apoio aos negócios locais de Portugal, o Facebook fez uma pesquisa na sua página do país para descobrir os doces de Natal preferidos dos portugueses.
O resultado final foi que o Bolo-rei se mantém “rei”, sendo o doce preferido da maioria portuguesa. Enquanto as rabanadas ocupam a segunda posição, seguidas pelos sonhos, o bolo rainha e os filhoses.
De fato, o bolo-rei é rico em ingredientes e sabor, e certamente, faz a diferença em qualquer mesa de Natal, seja em Portugal, ou em terras brasileiras.
Agora, conta para gente, você já conhecia a história do bolo-rei? Já experimentou? Se não, sugiro que teste esta autêntica receita portuguesa e depois nos conte o resultado, certo?
E se desejar testar outros doces das terra lusitanas, já publicamos a receita do autêntico pastel de nata, que muitos confundem com o pastel de Belém.
Beijinhos e até mais
4 respostas
Parabéns!!! Maravilha! Amo tudo que vc escreve????????????
Amei Hupsel! A história do bolo a receita. Aguardando novas curiosidades. ????
Que bom que gostou. A nossa intenção é sempre trazer novidades e despertar sonhos.
Beijossss
Oiiii Maristela, td bem ? Que bom que gostou do post! Certamente teremos inúmeros assim. O Agarre o Mundo, quanto mais sabe, mais quer aprender, e é claro, compartilhando sempre com nossos leitores 😉