Nutrição e viagem: a melhor pedida. Quem aí ama viajar? Imagino que todos que estejam lendo este artigo.
Então, em um blog que o foco principal é viagem, deve pensar, por que falar de nutrição aqui?
Certamente, conhecer os pratos típicos locais é um atrativo a mais em qualquer viagem, uma experiência muito enriquecedora!
Além de saborear as iguarias, o turismo gastronômico nos leva a conhecer as histórias que envolvem a tradição do consumo dos alimentos.
De fato, experimentar a culinária local corrobora a amplitude do ato de comer, que não se restringe aos nutrientes e calorias.
Sim, comer também é cultura e nutrição não é fanatismo e radicalismo, porque certamente, saúde está bem longe dos extremismos.
Sendo assim, nutrição vai muito além da contagem de calorias, de nutrientes e elaboração de planos alimentares.
Portanto vamos ampliar um pouco e falar da Nutrição de modo geral, assim, você poderá desmistificar alguns conceitos e comer “comida de verdade”, seja em casa ou em qualquer viagem.
Você tem fome de que?
Afinal, a verdadeira Nutrição não se preocupa somente com “o quê” você come. Mas também se importa com o “por que” e “como” você come.
De fato, deve-se também prestar atenção às circunstâncias da alimentação, aos hábitos e restrições alimentares, além dos sentimentos e sensações que a comida desperta em cada um.
Com toda a certeza, saúde envolve bem estar físico, mental e social, por isso no processo de busca por uma alimentação saudável, é preciso contemplar o universo real e individual de cada um.
A nutrição não deve aprisionar, porque alimentação é contexto, convívio social, prazer e cultura.
Dessa maneira, “uma vida saudável” pode sim ter espaço para guloseimas e drinks, sem que isso esteja ligado a “erro, falta de foco ou deslize”.
A comida nutre, mas acima de tudo mata a fome, alegra, conforta e aproxima as pessoas.
E para falar sobre o tema, convidamos a nutricionista, Dra. Camila Barberino, @nutri.camilabarberino, especialista na abordagem comportamental, que olha para o indivíduo e para sua relação com a comida de um jeito diferente.
Dessa maneira, não impõe, sugere. Também não julga, não cobra, mas sim, compreende. E muitas vezes, ainda escuta mais do que fala. Vamos lá?
Nutrição sob o olhar de Camila Barberino
O ato de comer envolve diversos fatores, que vão muito além da ingestão de nutrientes e calorias.
De tal forma que, aspectos psicológicos e culturais exercem forte influência nos hábitos alimentares.
Quando se sente triste come da mesma forma de quando está ansioso?
Já notou como suas emoções estão relacionadas com a escolha dos alimentos e com a forma de se alimentar?
Então, se nunca percebeu, sugiro observar!
No Brasil, país de dimensão continental, é possível perceber diferentes padrões alimentares, a depender da região e cultura local.
Aliás, tem um fato engraçado que aconteceu comigo e tem a ver com regionalismo e, de certa forma, com turismo.
Pouco tempo após formatura, fui morar no Rio de Janeiro e trabalhei por um período em um restaurante de refeições transportadas.
Lá eu era a responsável pelo planejamento das compras, dentre outras funções.
Certa vez, o estoquista me chamou, pois não entendeu a quantidade de coentro planejada por mim. Segundo ele, estava muito superior à esperada.
Conferi e achei que estava certo. Mas aí ele questionou, se naquela semana, teria muitas preparações com peixe no cardápio.
Então, descobri que no Rio, só usa aquela erva para peixes e frutos do mar.
Bem diferente da Bahia, onde é usada em quase todas as preparações, risos.
Abordagem comportamental na nutrição
No contexto atual, a nutrição tradicional que foca essencialmente no fator biológico, começa a ficar obsoleta.
Assim, abre-se um caminho para a abordagem comportamental, que não exclui a importância dos nutrientes, nem a influência deles no funcionamento do organismo.
No entanto, enxerga a nutrição de uma forma mais ampla. Você já se perguntou por que come o que come?
De fato, dificilmente a resposta será porque determinado alimento é mais rico em tal nutriente.
Talvez você coma o que come porque são alimentos tradicionais e disponíveis na região onde você vive.
Quem sabe, seja porque lhe faz lembrar da infância, ou simplesmente, porque gosta do sabor.
Portanto, vale à pena refletir, sobre como e por que você come é tão importante, quanto o que também você come.
Fome e saciedade: vamos respeitar nosso corpo!
Entender e respeitar os sinais de fome e saciedade é fundamental para uma boa conexão não apenas com o corpo, como com o ato de comer.
Como saber se estou com fome?
Certamente, perceba os sinais físicos, como queda de energia, “ronco do estômago”, “cabeça pesada”, aumento da salivação.
Além desses, em alguns casos (ou muitos), a presença da irritabilidade! risos…
Sabe-se que algumas pessoas tentam “enganar” a fome, bebendo água, por exemplo.
No entanto, esta atitude aparentemente inofensiva, pode ser prejudicial, pois leva a um possível consumo excessivo numa próxima refeição.
E como saber se estou saciado?
Sem dúvida, a saciedade é percebida quando, após o consumo de alimentos, não se sente mais os sinais de fome descritos.
Ao mesmo tempo, existe uma sensação confortável, diferente de quando se come em demasia.
Sabe aquela história de que se deve comer de 3 em 3 horas?
Então, não é bem assim, pois nem todos os dias estaremos com o mesmo apetite.
Talvez alguns dias você sinta fome logo após o almoço e precise fazer um lanche mais reforçado. Embora, em outros dias, se satisfaça com uma fruta no meio da tarde.
Da mesma forma, a composição das refeições pode variar conforme nossas necessidades e vontades.
Enfim, já percebeu que em dias frios temos a tendência de preferir comidas mais densas? Já em dias de calor, alimentos mais frescos, não é? Afinal, não somos robôs!
Não existe alimento proibido!
De fato, o equilíbrio é importante para tudo na vida! E não seria diferente com a alimentação.
Certamente, é possível, sim, ser saudável consumindo pizza, hambúrguer e doces. Mas a alimentação não deve se resumir ao consumo destes alimentos!
Além disto, vale lembrar que comer de tudo não significa comer tudo!
Em primeiro lugar, priorizar alimentos in natura e minimamente processados é um caminho possível e necessário para a saúde.
Mas aí vc pergunta: nutri, que alimentos são esses?
A saber alimentos in natura são aqueles adquiridos para consumo sem sofrer alterações, a exemplo de frutas, legumes, ovos e leite.
Já os alimentos minimamente processados, passam por alterações mínimas na indústria, como moagem e secagem, que é o caso das farinhas e grãos.
Entretanto, o fato de priorizar esses alimentos acima, não significa dizer que alimentos industrializados, cheios de sal, açúcar e aditivos químicos (corantes, aromatizantes e conservantes, entre outros) não possam ser consumidos.
Assim, tudo depende do contexto e da frequência!
Da mesma forma, acontece com vegetais orgânicos, livres de agrotóxicos. Se puder fazer uso deles, ótimo para a saúde!
Mas caso não consiga, não é razoável deixar de consumir vegetais por este motivo.
Você sabe o que é Ortorexia Nervosa?
É o termo usado para um comportamento obsessivo em relação à alimentação saudável, cada vez mais comum nos dias de hoje.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a ortorexia atinge 28% da população ocidental.
Assim, neste comportamento, o indivíduo se recusa a consumir determinados alimentos, pois acredita que adoecerá, se o fizer.
Sem dúvida, pode ser bastante prejudicial para a vida social, uma vez que a pessoa deixa, muitas vezes, de frequentar lugares.
Dessa maneira, passa a evitar o convívio com amigos e familiares. Talvez por vergonha ou receio de recusar os alimentos que considera “vilões”.
Além disso, pode ter ainda consequências emocionais, como ansiedade, perda de peso e consequente desnutrição, em decorrência das restrições excessivas.
Influência da propaganda na escolha alimentar
Ter autonomia ao comer significa fazer escolhas conscientes. Mas o que a mídia tem a ver com as escolhas alimentares?
Vou lhe contar.
De fato, a indústria de alimentos usa meios de comunicação e princípios de marketing para influenciar no comportamento alimentar, de tal forma que as fazem consumir seus produtos.
Já percebeu uma vontade repentina, de consumir um determinado sanduíche, após ver um anúncio? Ou ainda, salivar ao ver uma propaganda de um chocolate?
Seja honesto (a), quantas vezes um bordão de alguma marca de alimentos ecoou em sua mente?
Além das propagandas em meios de comunicação, observe a arrumação dos produtos nos supermercados e lojas.
Decerto, tudo é feito estrategicamente para influenciar a compra deles.
Sabe aquele corredor, cheio de doces, bem na fila do caixa? É um ótimo exemplo.
Sabendo disso, é possível ter um olhar mais crítico sobre esta influência, minimizando seus efeitos.
Assim, antes de comprar ou consumir determinado alimento, se pergunte: a vontade é genuína? vale realmente à pena?
Em síntese, pense no contexto e gerencie os excessos. Aprecie, deguste, saboreie e seja feliz..seja lá qual for o alimento!
Afinal, nutrição além de equilíbrio, é um dos prazeres da vida!
E assim nosso artigo chega ao fim…
E aí? Gostou do artigo? Já tinha ouvido falar da abordagem comportamental na nutrição?
Já fez alguma dieta restritiva ou da moda? Ou já sabe, que o segredo da boa alimentação é o equilíbrio?
Você acredita que o terrorismo nutricional vem bagunçando a cabeça de muitas pessoas?
Se tiver alguma dica para compartilhar, vamos adorar!
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3 respostas
Foi incrível a experiência de escrever pra vocês! Muito obrigada pelo convite, mais uma vez!!! ?
Nós também adoramos ter você como colaboradora. O artigo ficou show. Exatamente o que o Agarre o Mundo defende. Podemos agarrar o mundo com saúde , mas sem restrições.O segredo é o equilíbrio. Gratidão mais uma vez e as portas do Agarre o Mundo estão abertas parra você sempre..bjoooo